domingo, 30 de junho de 2013

Estudantes aprendem música com método de grandes artistas

Notícias

Aprender a tocar violão, teclado ou bateria da mesma forma como fizeram os maiores talentos da música. Ou quem sabe, utilizar garrafas PET para confeccionar os próprios instrumentos. Se no passado, a formalidade das partituras e a disciplina dos exercícios afugentavam as gerações mais jovens, hoje aprender música pode ser sinônimo de um aprendizado mais interativo, informal e dinâmico. Seja qual for a metodologia, o que importa é fazer com que os alunos se interessem pela música da maneira mais divertida possível.

Professora do departamento de música da Universidade de Brasília, Cristina Grossi começou a testar no Brasil, em 2008, uma nova metodologia de educação musical. Desenvolvido na Inglaterra pela pesquisadora Lucy Green, o método se baseia na forma como a maioria dos grandes músicos e bandas aprendeu a tocar seus instrumentos: informalmente. “O segredo desse método é simples: tirar músicas de ouvido”, resume a professora.

Segundo Cristina, foi observado na Inglaterra que há um alto nível de estímulo quando as crianças estão começando a aprender música, mas, na faixa dos 14 anos, o desinteresse aumenta muito. Na tentativa de reverter esse fenômeno, a pesquisadora Lucy Green entrevistou bandas, músicos iniciantes, músicos já formados e roqueiros por quatro anos com o objetivo de descobrir como eles aprenderam a tocar. O resultado da pesquisa de Green foi uma metodologia que se fundamenta em cinco princípios básicos (veja abaixo).

Com estes conceitos em mente, Cristina decidiu testar a metodologia de Green nas escolas brasileiras. Ainda em fase piloto, no Centro Educacional Paulo Freire, localizado em Brasília, o projeto foi realizado com 150 alunos. Durante dois meses, alunos e professores exploraram instrumentos musicais, trabalharam em grupo para tirar músicas de ouvido e se familiarizaram com habilidades técnicas da música.

A metodologia se divide em sete etapas. Na primeira, os alunos se dividem em grupos, escolhem uma música para “tirar de ouvido” e depois apresentam para toda a turma. Segundo Cristina, não é necessário que os alunos toquem perfeitamente, muito menos que consigam tocar a música inteira. O objetivo desta etapa é oferecer aos alunos um primeiro contato com o instrumento.

No início, a reação dos estudantes é de estranhamento. “A primeira pergunta é: não sei tocar nenhum instrumento, como é que vou tirar uma música de ouvido?”, conta Cristina. Entretanto, a metodologia prevê que os alunos aprendam uns com os outros, descobrindo aos poucos os instrumentos. “Sempre tem alguém na turma que já sabe tocar violão, pandeiro ou flauta doce. O professor então assume o papel de coordenador, organizando a turma e interferindo somente quando é necessário”, explica a docente.

A próxima etapa, envolve a utilização de RIFFs (acordes básicos de cada instrumento). Neste momento, os professores explicam que são aqueles acordes, tocados em conjunto com os demais, que vão compor um determinado ritmo ou música. Com essa bagagem, os alunos passam para a terceira fase, na qual vão tentar tirar outra música de ouvido. “É altamente estimulante porque eles veem que a música é composta por partes de instrumentos que juntos formam uma melodia”, salienta.

Em seguida, um músico da cidade é chamado para fazer uma palestra, para contar como aprendeu a tocar e dar algumas dicas. Na próxima fase, os professores apresentam RIFFs mais complexos de música erudita, e as duas últimas etapas são dedicadas à experimentação em que mais uma vez os grupos escolhem músicas para tirar de ouvido. Na sexta etapa, eles tocam uma música clássica e na última escolhem uma música de que gostam.

Princípios básico da metodologia de Green:

1. "Aprendizes escolhem a própria música, aquela que já lhes é familiar, que gostam e fortemente se identificam com ela".

2. "A principal prática informal de aprendizagem envolve tirar 'de ouvido' as gravações".

3. "Não somente o aprendiz é um autodidata, mas especialmente, a aprendizagem acontece em grupo" (de forma consciente ou não, aprende-se entre amigos e colegas por meio de discussão, observação, audição e imitação entre eles).

4. "Aprendizagem informal envolve a assimilação de habilidades e conhecimentos de forma pessoal, freqüentemente casual, de acordo com as preferências musicais, começando com a noção do todo da música do 'mundo real'" (no formal, os jovens seguem uma progressão do simples ao complexo).

5. "Por todo o processo de aprendizagem informal, há uma integração entre audição, execução, improvisação e composição, com ênfase sobre a criatividade." (no formal, a ênfase está na reprodução e na separação das habilidades).

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Garrafas PET – Apaixonado por bateria, o professor Marcelo Capucci decidiu unir a conscientização ambiental ao ensino da música. Com o projeto Percussucata, ele utiliza garrafas PET e materiais recicláveis para montar uma verdadeira batucada nas escolas de rede pública de ensino do Distrito Federal. Cerca de 1.200 crianças de cinco escolas já participaram de sua oficina desde que o projeto começou, em 2007.

O Percussucata é composto por três fases: palestra sócio-ambiental, produção de instrumentos e musicalização. Na primera etapa, os alunos assistem a um palestra sobre poluição, poder poluidor do PET, aquecimento global, coleta seletiva, reciclagem e reaproveitamento de materiais, entre outros. Durante essa palestra também são apresentados dados sobre a história da bateria - que fica montada, na frente dos estudantes.

Depois, são apresentados instrumentos de percussão alternativos: o ganzá (garrafa PET abastecida com pedrinhas, formando um tipo de chocalho), tamborim (garrafa PET tocada com varetas de bambu) e Filomena (garrafa PET tocada com cabo de vassoura reaproveitado). Assim, os alunos são encaminhados para suas salas de aula, onde, numa divertida aula de artes, 'fabricam' seus próprios instrumentos, com o auxílio dos professores.
A fase final marca o momento mais esperado pelos alunos: a hora de tocar. Sob orientação de Capucci e tendo a bateria como referência visual e sonora, o grupo de alunos realiza um movimento percussivo em grupo. “Munidos de seus instrumentos musicais alternativos, os educandos vivenciam situações de respeito ao próximo, elevação da auto-estima, musicalização (tempo e ritmo) e principalmente de socialização através de uma ferramenta lúdico-sócio-musical”, explica o professor.

Assista ainda a apresentação dos alunos do professor Marcelo Capucci. Com garrafas PET, eles descobrem o mundo da bateria.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

13ª Fenearte

13ª Fenearte

  
A Feira Nacional de Negócios do Artesanato chega a sua 13ª edição. Com o objetivo de valorizar a riqueza cultural do Recife, além de estimular o potencial de crescimento dos artesãos, a Fenearte é uma ação que faz parte do Programa do Artesanato de Pernambuco (PAPE) e acontece do dia 6 a 15 de julho no Centro de Convenções.
Sendo a maior feira do segmento na América Latina, une cultura, gastronomia, decoração, moda, música e artesãos de Pernambuco, do Brasil e de 35 países. Serão mais de 5 mil expositores dentre os quais se encontra o Nacc , Núcleo de Apoio à Criança com Câncer, que este ano além de comercializar produtos artesanais e institucionais colocará a disposição do público as almofadas temáticas da loja Caracol Baby & Kids.
Além disso esta 13ª edição homenageia o centenário de Luiz Gonzaga e terá um espaço com painéis iconográficos e TVs reproduzindo shows e documentários sobre a vida e a obra do artista. E artistas como Petrúcio Amorim, Cezzinha, Santanna, Maciel Melo, Beto Hortis comandarão a festa no palco externo ao pavilhão dos stands.

Horário e Entrada:

A Feira funciona de 6 a 15 de julho das 14h às 22h. Com exceção dos dias 8, 13, 14 e 15 que terá o horário de funcionamento maior, sendo de 10h às 22h.
O valor da entrada durante a semana é de R$ 3 e R$6 (inteira). Já nos finais de semana 0 valor sobe para R$4 e R$8 (inteira).
Acompanhe as novidades e promoções da Agenda Cultural de Festas e Shows em Recife é só curtir:

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Marlos Nobre quer reestruturar a OSR pela base

ENTREVISTA

Marlos Nobre quer reestruturar a OSR pela base

Maestro recifense falou ao JC sobre seu novo desafio diante da direção artística e regência da Orquestra Sinfônica do Recife (OSR)

Publicado em 22/06/2013, às 06h01

Orkut

Renato Contente

O maestro recifense Marlos Nobre, 74 anos, foi anunciado esta semana pela secretária de Cultura Leda Alves e pelo prefeito Geraldo Júlio para reger, em caráter temporário, a Orquestra Sinfônica do Recife (OSR). O músico entra em cena num momento delicado para a OSR, um mês depois de Osman Gioia, titular por 12 anos, ter deixado a direção artística e a regência por pressão dos músicos.
Pianista, compositor e regente respeitado em todo o mundo, Nobre prometeu trazer seu afinco e experiência para sanar problemas urgentes: a lista vai do plano de cargos e salários à aquisição de material de trabalho básico. “Se puder trazer mais dignidade e qualidade a esses músicos, terei minha missão cumprida”, anunciou, em entrevista concedida ao JC.
Confira abaixo, na íntegra, o que o maestro Marlos Nobre falou sobre seu novo desafio:
SITUAÇÃO
 Eu vim já consciente de que esse trabalho com a OSR é uma missão que pretendo levar muito a sério, por diversos motivos. É uma orquestra da minha infância e juventude, mas acredito que ela sempre teve uma vida muito tumultuada, em sua estrutura e organização.
Orquestras ligadas a fundações ou organizações sociais têm um modelo mais ágil de administração, e a OSR, historicamente, sempre pertenceu à Secretária de Cultura do Recife ou à Fundação de Cultura. Através dos tempos ela tem sofrido o impacto dessa situação sui generis. Ao mesmo tempo, ela tem benefícios com essa condição, como a garantia de permanência. Muitas orquestras foram extintas no mundo todo, como a Orquestra Sinfônica Nacional, da qual fui diretor entre 1972 e 1980.
Naturalmente, criou-se uma série de vícios na OSR que existem desde a época em que vim dirigi-la, no início nos anos 1980, quando ela era subordinada à Fundação Cultural. Na época fui até cogitado para assumir o cargo de regente principal. Isso se reflete, inevitavelmente, na qualidade do conjunto, com as queixas, por parte dos músicos, de baixos salários e más condições de trabalho. Hoje a situação está melhor, com a OSR residente do Teatro de Santa Isabel, local da parte administrativa e do arquivo do conjunto, ainda que haja muitas coisas para melhorar. Entre elas, as condições de preservação das partituras e registros daquele arquivo histórico, por exemplo.
Eu vim com um propósito muito claro para a secretária de cultura Leda Alves e o prefeito Geraldo Júlio. Não adiantaria de nada vir aqui e começar a ensaiar a orquestra. Quando você tem um organismo doente, você não continua com uma atividade. Você procura um médico e procurar sanar o problema com antibióticos. A OSR está doente. A doença significa uma série de fatores sérios que estou diagnosticando. Um deles é o plano de cargos e salários, o qual discutirei com a secretária de cultura e o prefeito. Os problemas estão cada vez mais claros para mim, e são de ordem administrativa, organizacional e artística.
NECESSIDADES
A OSR tem uma deficiência na formação das cordas. O naipe de madeiras, metais e percussão está muito bem nutrido para uma orquestra de cordas duas vezes maior do que está aí. As cordas são pouco numerosas, há atualmente a metade do que seria necessário. Aí vem uma série de problemas. Para a OSR soar de acordo com o equilíbrio de cordas, madeira e metais, ela necessita de uma contratação de novos músicos. Se não, ela soa um pouco como uma banda, pela potência dos metais. Nenhum maestro consegue equilibrar o som com uma defasagem de cordas como a que existe aqui.
Fazer concurso, no momento, é complicado, pela estrutura burocrática. Pelo diagnóstico, ao lado de Leda Alves e Geraldo Júlio, vou ver o que é possível no momento.
Há três planos: um emergencial, um a médio prazo e um outro a longo prazo. Como gestor, mais como regente ou titular, venho procurar qual é o remédio. Emergencia, internação e a saída do hospita. A OSR está realmente doente, os próprios músicos sentem isso. Continuar uma programação, e dar uma impressão falsa, isso eu não quero. Por exemplo, eu não quero enxertar músicos de fora para um concerto, porque depois eles vão embora. Para mim, seria uma atitude inescrupulosa, como uma orquestra fantasma. Na hora pode até soar bem, mas no dia seguinte volta à estaca zero.
O trabalho que temos que fazer no Recife, agora ou nunca, é de base. Precisamos sedimentar a OSR. Tenho vontade de trazer músicos jovens, de orquestras recifenses, como a do Coque e a do Conservatório Pernambucano de Música. É necessário fortalecer esses projetos locais, que estão indo bem. É uma possibilidade que estamos levando a sério. Primeiramente, poderá haver contratos por temporadas e, em seguida, a depender do comportamento dos músicos, um efetivo.
DISCIPLINA
Existe por aqui uma prática secular e doentia que é consequência da má situação da OSR. Como o salário não é satisfatório, e isto é compreensível, muitos músicos buscam trabalhos na Paraíba e no Rio Grande do Norte, desde a época em que eu era menino. Grandes músicos morreram em acidentes nesses trajetos. 15 músicos efetivos da OSR mantêm com essa dinâmica atualmente. Eu entendo as dificuldades de manter a família, por exemplo, com um salário que não o valoriza. É importante salientar que essa é uma das poucas profissões em que o instrumento de trabalho (e sua manutenção) é fornecido pelo trabalhador, e não pela empresa. E os valores são altíssimos. Vim ciente de tudo isso, como um pai que quer cuidar dos filhos.
A OSR pode ser um elemento vivo na cidade e buscar patrocinadores. As orquestras do Brasil têm temporadas especiais, patrocinadas por empresas. O orçamento de uma orquestra é básico, insuficiente.

REPERTÓRIO
Gosto de um repertório mais moderno, mas o público também precisa de algo mais tradicional, como as sinfonias de Beethoven e Tchaikovsky. Pouco a pouco, vamos trazer também música brasileira e latinoamericana. Não podemos ficar apenas no clássico, precisamos do moderno. Uma vez que a OSR adquirir força, poderemos promover séries (Recife, Capibaribe, Popular, por exemplo), com uma Orquestra Sinfônica do Recife Pops, como tem a Boston Pops. Aí poderiam entrar repertório de Tom Jobim, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capiba, Chico Sciente. A OSR tem que se unir à criatividade dos compositores do Recife, onde há uma riqueza imensa.
Mas não adianta fazer isso com uma orquestra paralisada, com músicos que tenham compromissos em outros estados, ou que esteja com instrumentos desafados.
A ideia é fazer a reestruturação, montar a orquestra e trazer uma programação que desperte interesse do público. Quero trazer solistas, brasileiros como Nelson Freire e Arnaldo Cohen, e internacionais. Outra ideia é fazer séries, com vencedores de concursos, jovens e grandes talentos que precisam tocar. Quando a obra é bem tocada, o público começa a acreditar no trabalho e vê que é sério, mas quando é feito de maneira amadora e desleixada, o público sente e se afasta. Acho que tem que haver uma espécie de choque, e assim espero que aconteça na primeira apresentação com a nova formação. Dessa forma, o público vai voltar para vê-la uma segunda vez, e outra, e assim por diante.
Ainda não sei como será esse espetáculo. Como disse, da maneira como a orquestra está desequilibrada, é impossível fazer um concerto sinfônico desta forma. A orquestra está, vamos dizer assim, capenga. É preciso arrumar. Mas deve ser um concerto com amigos solistas convidados, com um repertório chamativo (com peças de Tchaikovsky, por exemplo). É preciso que o público sinta o prazer com coisas que ele gosta. A ideia é manter sempre uma peça-chamariz, mas com misturas que rompam o tradicionalismo. Para isso, a orquestra precisa ter qualidade. Para tocar Stranvisnky, por exemplo, é preciso estar equilibrado, se não será um desastre. Já vi várias orquestras fazerem isso com A sagração da primavera, e foi um desastre. Você não pode trazer uma 5ª de Thaicosvi por aqui ainda, por exemplo.
Nós temos grandes orquestras organizadas no Brasil. A Sinfonica de Sao Paulo e Minas Gerais. Elas saíram de organizações ligadas ao estado e passaram a ser organizações sociais. Isso implica numa mudança de mentalidade, com uma administração muito ágil - o que ocasiona na possibilidade de pagar melhor os músicos e administrar com menos entraves burocráticos.

CARREIRA
Eu fiz uma opção muito clara. Sou um músico, digamos assim, total - por reger e compor. Optei pela composição como atividade maior, porque sou fascinado pela criação. Quando se é regente, você está repetindo, você aprende a reger. Criar é diferente. Minha obra começou a ser feita no Recife e hoje eu tenho 250 peças. Como avisei a secretária de cultura Leda Alves, eu tenho encomendas de obras para os próximos anos. A primeira que terei que fazer será um concerto para violão, para Manuel Barrueco (influente violinista clássico cubano), além de um para viola (encomendado pela Orquestra Sinfônica de Chicago), violoncelo (Universidade do Texas) e clarinete (para uma universidade suecda Suíça). Se cada concerto leva cerca de oito meses para ser produzido, seriam necessários 32 meses. E ainda há palestras, entrevistas para estudantes que elaboram estudos sobre minha obra (aos quais sempre tento ser atencioso). Bachianas sala são paulo, dia 3 de julho. Além de minha família, com minha esposa e minha filha. Isso é que é bonito da vida. Tenho 74 anos e graças a Deus estou cheio de projetos.

DESAFIO
Trago a minha calma, minha sensatez, meu equilíbrio emocional, meu conhecimento, minha experiência e  minha vontade de mudar. Eu empresto isso, e por esse motivo aceitei o convite, com muita satisfação. Isso não é um ato excepcional meu. É algo que vem de dentro. Eu sou do Recife, fui criado ouvindo a OSR. Se eu posso trazer algo para a orquestra, é isso. Como eu disse aos músicos, e vou repetir em nossas futuras conversas, “tenham calma”. Eles ficam muito ansiosos em resolver a coisa de imediato. E eu entendo isso. Eu não vou mexer em nada, não vou mexer em ninguém. É preciso que eles entendam que eu vim aqui para que essa orquestra desabroche, e que com ela a parte cultural e os músicos do Recife sejam valorizados.
A OSR é a orquestra mais antiga em atividade no País, mas também é a mais desprestigiada. Eu tenho que falar isso porque é a grande realidade. Hoje existe um renascimento nas orquestras de Sergipe, Manaus e cidades do interior. A do Recife é muito mal vista no sentido profissional e artístico. Isso é, digamos assim, o que eu sempre sofri muito em ouvir, que ela é muito mal conceituada. Ora, ela tem um passado, uma história. Minha estadia aqui é provisória, para sanar isso. A ideia é trazer, depois desse processo, um músico jovem, dinâmico, talentoso e com vontade de mudar, para comandar a OSR.
Eu preciso fazer o trabalho de base antes. Se um regente jovem chegasse agora, ele seria engolido, porque não tem nome ou não é respeitado ainda. Um regente de fama, entretant, dificilmente aceitaria. Eu aceito porque sou do Recife, por minha relação afetiva. Vim por esse motivo. Sendo reconhecido e tendo, graças a Deus, minha obra valorizada, eu não preciso provar nada. Eu cheguei a um ponto onde eu posso trazer um pouco disso para o Recife e para a OSR, para que ela tenha visibilidade. Senti o fluido positivo que minha presença tem causado entre os músicos, e isso é muito bom.
Eu tinha medo que viesse alguém desconhecido, sem nenhuma ligação com a cidade, com a região. Nessas horas, há aproveitadores da situação. Eu sei o que fazer diante da situação atual, e vou colocar isso em prática com a compreensão dos músicos. Sou uma pessoa de diálogo constante.
Eu me manifestei sobre o problema da OSR na revista Continente. Depois tive um contato com Leda Alves e ela me perguntou se eu toparia fazer um plano de ação, um diagnóstico rápido. Quis ajudar, mas ainda não pensava em vir pra cá. Mas Leda Alves ficou muito entusiasmada e mostrou ao prefeito, que também demonstrou entusiasmo. Ela pediu para eu ficar um tempo aqui, onde amadureci as ideias e decidi aceitar o convite. O fato de eu ter respaldo político, com o governador Eduardo Campos e o prefeito Geraldo Júlio, também dá uma segurança à orquestra. É muito feliz para mim ter o reconhecimento da minha cidade, é o que sempre me comoveu. Naturalmente o trabalho é árduo, e devemos ter calma.
Visitei as instalações da OSR no Teatro de Santa Isabel e estão muito boas. O arquivo, entretanto, está lotado na cumeeira do teatro, depois de uma escada com 94 degraus. Por lá tem umidade, mofo, até morcegos. As partituras, guardadas em pacotes, já estão sendo digitalizando. Vamos trazer dos Estados Unidos CDs com os PDFs com a obra completa dos grandes compositores, mas eles não têm impressora ainda, por exemplo. São problemas pequenos, mas que precisamos resolver logo. O prefeito atual tem vontade, e isso é bom. Há uma burocraria natural, mas vamos lidar bem com ela.
A OST está sem tímpanos, parece, sempre tem que pedir ao Conservatório (Pernambucano de Música). Também não tem harpa, campanos, idiofones (instrumentos que produzem som por vibração), percussão. Em obras do século 20, esses instrumentos são essenciais.
Quero que os músicos e os pernambucanos sintam orgulho da OSR. É uma coisa de duas  vias. O músico tem que ser valorizado, não pode ficar de pires na mão, sem dignidade diante da sociedade. Isso é o que mais me preocupa. A música é uma mensagem espiritual num mundo conturbado, e esses músicos são transmissores disso. Se eu poder trazer mais dignidade a esses músicos e qualidade à OSR, terei minha missão cumprida.

Rosil Cavalcanti, autor maior do forró esquecido em sua terra

SÃO JOÃO

Rosil Cavalcanti, autor maior do forró esquecido em sua terra

Compositor nasceu num engenho em Macaparana

Publicado em 23/06/2013, às 06h00

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José Teles

Entre os autores de forró, cuja qualidade da obra , extrapolou os limites do regional, está Rosil Cavalcanti, falecido há 45 anos, e que teve sua primeira composição gravada há seis décadas: Sebastiana, que também deflagrou a carreia fonográfica de Jackson do Pandeiro (no mesmo ano teve Meu cariri, gravada por Ademilde Fonseca). Na Paraíba, Rosil Cavalcanti, entre outras homenagens, é nome de rua em João pessoa e em Campina Grande.
No entanto, raramente é lembrado em seu estado natal, Pernambuco, onde nasceu, em 20 de dezembro de 1915, no engenho Zabelê, em Macaparana (é parente do ex-governador Joaquim Francisco). A bem da verdade, a carreira artística do compositor e radialista Rosil Cavalcanti desenvolveu-se entre a capital paraibana e Campina Grande, onde, em 1968, morreu em consequência de uminfarto.
Pela qualidade e quantidade de composições que criou, gravadas por nomes que vão do citado Jackson do Pandeiro, a Gal Costa, Gilberto Gil, Luiz Gonzaga, Carmélia Alves, Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho, Xuxa. A lista é extensa. Porém o mais constante intérprete da música de Rosil foi Jackson do Pandeiro.
A amizade dos dois remontava aos anos 40, quando criaram, na Rádio Tabajara, de João Pessoa, a dupla Café com Leite. Por esta época, Jackson já cantava Sebastiana, um coco de Rosil, que seria um dos seus momentos mais aplaudidos no auditório da Rádio Jornal do Commercio.
Funcionário público, Rosil Cavalcanti chegou em Campina Grande 70 anos atrás. Ali, na Rádio Borborema, apresentaria um programa que parava a cidade todas as noites, O Forró de Zé Lagoa. Além de apresentar cantores locais como Genival Lacerda, então conhecido como o Senador do Rojão (numa alusão ao senador carioca Carlos Lacerda), Marinês, ele tecia criticas a políticos, fazia denúncias, encarnava personagens.
Um programa de audiência tão grande, que muitos só o chamavam de Capitão Zé Lagoa. O tema do programa virou clássico do forró, gravado na Rozenblit por Genival Lacerda (em 1962), e, no ano seguinte, incorporado ao repertório de Jackson do Pandeiro.
Num tempo em que o forró era a música que se tocava no Nordeste no ano inteiro, compositores como ele podiam se dar ao luxo de viver numa cidade do interior, e ser gravado no “Sul”. Luiz Gonzaga, depois de Jackson, foi quem mais gravou Rosil Cavalcanti. Três LPs de Gonzagão têm títulos de composições de Rosil: Ô veio macho (1962), (Pisa no pilão) A festa do milho (1963), Aquarela nordestina (1989). A música do filho de Macaparana adaptou-se até ao tropicalismo. Um dos maoiores sucesso de Gal Costa em sua fase Tropicália, foi Sebastiana, gravada com Gilberto Gil, no LP Gal Costa(1969). 
Rosil Cavalcanti, pelo volume, qualidade e originalidade de sua obra, é um dos cinco mais importantes compositores que definiram o forró, termo que engloba os muitos ritmos da região nordestina. Está ao lado de Humberto Teixeira, Zé Dantas, Onildo Almeida,e Miguel Lima, no time de autores que através de Luiz Gonzaga, Marinês ou Jackson do Pandeiro, criaram um repertório básico para a música do Nordeste. Pode-se estranhar a inclusão do fluminense Miguel Lima neste time. Mas Lima tem cerca de 60 músicas na obra d Luiz Gonzaga (só ou em parceria com Lua).
TEMATICA
Um rápido passeio pela música de Rosil Cavalcanti para lamentar o atual estágio do forró, onde se contam nos dedos, autores que não se limitam ao xote romântico. Em Rosil há desde o lúdico ao lírico: Na base da chinela, e Aquarela Nordestina. A primeira é um exemplo do forró malicioso. Chinelar, ou chinelada é um eufemismo nordestino, hoje pouco usado, para o ato sexual: “Jogaram no salão pimenta bem machucada/e o baile da Gabriela acabou na chinelada”.A segunda recorre à estiagem para cantar a paisagem da região: o Nordeste imenso, quando o sol calcina a terra/não se vê uma folha verde na baixa ou na serra/juriti não suspira, inhambú seu canto encerra/não se vê uma folha verde na baixa ou na serra”.
A obra de Rosil é um tratado sobre o Nordeste do seu tempo, em que, por exemplo, a polícia e o valentão eram mais temidos e respeitados do que prefeitos ou magistrados. Na antológica Cabo Tenório, o policial tem sua maneira de restabelecer a ordem: “...deu murro e bufete/ tomou canivete, peixeira e facão/os brabos correram quem ficou presente/gritava contente no meio do salão e dizia/cabo Tenório é o maior inspetor de quarteirão”. Por sua vez o valentão Severino Serrotão, do rojão Lei da compensação, termina encontrando um mais brabo do ele:, um tal Cabo Vaqueiro, que bota Serrotão pra correr: “De Campina ele mudou-se pra Euclides da Cunha/passou a ser chamado serrinha de aparar unha”.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Banda Sinfônica do CPM em Limoeiro-PE através do Projeto Bandas de PE

Sociedade Musical 25 de Setembro, sede em Limoeiro, uma entidade sem fins lucrativos, vem ao longo dos 75 anos mantendo um trabalho de “récitas musicais” na cidade de Limoeiro e nos municípios circunvizinhos.
Maiores informações sobre a Sociedade Musical 25 de Setembro: http://sociedademusical25desetembro.wordpress.com/about


A Banda Sinfônica do Conservatório Pernambucano de Música realizou um concerto ontem (09/06/13) em Limoeiro-PE, através do projeto Bandas de PE. Direção musical: Marcos F.M. Em breve videos da apresentação no youtube! Confiram algumas fotos:












Maestro Pedro Mateus (regente da banda 25 de Setembro)
e Sidor Hulak (diretor do CPM)





 










 






fotos: Mariléa e Coloral