Jacques F. Vasconcelos
(médico e compositor)
Concentrado no centro do Recife,
dentre eles os embrionários bairros de São José e Santo Antônio, o frevo, “ritmo
fervente” do estado, disseminou-se pelo Sítio Histórico de Olinda, Zona da mata
como Nazaré da Mata, Timbaúba, além do agreste e sertão como Vitória de Santo
Antão, Bezerros, Buíque, Pesqueira e Triunfo, grandes polos do carnaval
pernambucano.
Entretanto essa história é pouco
difundida, principalmente no que se refere a produção, ato de se compor o frevo.
Diante disso, quando se pensa em frevo só lembramos de Recife e Olinda. Contudo,
no interior do estado de Pernambuco há muita história e frevo, a exemplo do
bezerrense Zito Farias (87 anos), autodidata que compôs seu 1° frevo “Entrei Fervendo” em 1949 aos 17 anos.
Zito Farias é hoje, talvez, o compositor vivo mais antigo do gênero musical,
apesar de pouco reconhecido até mesmo pela literatura e história do frevo. Ao
todo, em sua memória, criou cerca de 40 frevos, mas boa parte dessas obras perderam-se
ou destruíram-se pelo tempo e conservação, restando cerca de 20 frevos
restaurados por um jovem amigo desta mesma cidade, que através da digitalização
das obras de Zito, tenta manter esta obra ainda mais viva através da apresentação
ao público através de sua orquestra “OFICINA AGRESTE FREVO”, projeto musical
criado por Jacques Vasconcelos, amigo e profundo admirador do Sr. Zito. Além de
frevos, Zito Farias também compôs polcas, chorinhos, música clássica, além do
hino da cidade de Bezerros, com co-autoria de Antônio Mendonça (Bezerrense), e
o hino do centenário, música em homenagem a sua cidade natal.
Na
cidade de Bezerros e seu “Carnaval do Papangu” (3º destino mais procurado e
visitado durante o carnaval de Pernambuco e que devido a essa força cultural
ganhou destaque internacional) nasceu, no ano de 2013, exatamente um ano após o frevo
ter recebido o título de patrimônio cultural imaterial da humanidade, concedido
pela UNESCO, a “OFICINA AGRESTE FREVO
(OAF)”. Trata-se de uma orquestra composta por músicos da própria cidade e com
proposta inovadora para este gênero musical Pernambucano ao apresentar frevos tradicionais,
modernos, autorais e de outros compositores locais e da região ainda
desconhecidos. A Oficina Agreste Frevo tem como idealizador e regente da
orquestra, o músico e médico da cidade de Bezerros, Jacques F. Vasconcelos.
Neste ano
de 2019 a orquestra busca oportunidade para apresentar-se durante o carnaval fora
de sua cidade, pela primeira vez; com repertório de frevos novos em paralelo
com frevos já consagrados, para tanto, estão em articulação para realizar
negociações e apoio da FUNDARPE e do PAÇO DO FREVO (Maior centro de estudos,
museu e difusão da história e prática de música e dança em relação ao frevo).
“OAF” é um projeto musical que tem
por objetivo revelar novos talentos e compositores do interior, além de
contribuir com o acervo de arranjos de frevo no estado de Pernambuco. Na
execução da proposta o repertório é mesclado por composições consagradas e
desconhecidas, como frevos de Zito Farias, além de recentes produções autorais
da Oficina Agreste Frevo – OAF que buscou homenagear nomes de artistas representantes do agreste
pernambucano em diversas áreas culturais, a exemplo do artesanato, artes
plásticas e xilogravura/literatura de cordel pelos nomes de Mestre Vitalino e
filho, Severino Vitalino, em “Vitalino:
Moldando O Frevo’; Lula Vassoureiro, em “Vassoureiro No Frevo”; Roberval Lima, em “Roberval: Desenhando O Frevo” e J.Borges, em ‘J. Borges No Passo’. Entre os homenageados com destaque na música,
encontra-se a maior influência para este projeto em nome de Zito Farias, em “Talentozito” e Mozart Vieira, em “Mozart Do Agreste”.
Com um
repertório que mescla o tradicional e o moderno em canções consagradas e novas
produções, pretendem equilibrar as apresentações para proporcionar ao público
em geral o acesso às novidades e incorporações destas obras paulatinamente ao
contexto histórico atual e futuro do frevo. Diante da difusão deste projeto,
presentes e futuras gerações de compositores podem ser estimuladas para ampliar
suas produções de novas canções no que se refere ao frevo, para que suas
músicas sejam executadas por esta orquestra que tem como ideologia promover o
interesse, difusão e aumento do acervo das canções de frevo para a história do
frevo. Propõe-se ainda oportunizar ao público o conhecimento dos compositores
locais durante as apresentações, prestigiando-os diante de sua importância para
a cultura regional e nacional.
Em 2018 a
OAF comemorou 5 anos de existência e hoje, possui entre seus integrantes 16
músicos, grande parte componentes da centenária “Sociedade Banda de Música
Cônego Alexandre Cavalcante (SBMCAC)”, de Bezerros; incluindo 2 cantores.
OFICINA AGRESTE FREVO homenageia
artistas do agreste em seus frevos autorais. Abaixo o registro dos artistas
homenageados ou familiares, recebendo arquivos de seus frevos.
2. J. Borges no passo. Frevo de Jacques Vasconcelos/Zito
Farias e arranjo de Marcos FM, em homenagem a José
Francisco Borges, mais conhecido como J. Borges. Bezerrense, 83 anos, patrimônio cultural vivo de
Pernambuco, mestre na arte de xilogravura e literatura de cordel, com trabalhos
que representam desde o cotidiano da população nordestina até o imaginário popular
além da emoção pessoal. J. Borges é reconhecido internacionalmente por sua importância
e contribuição à cultura popular. Foi homenageado no carnaval dos papangus em 2007
e também foi o grande homenageado da escola de
samba Acadêmicos da Rocinha, durante o Carnaval 2018 no Rio de Janeiro (RJ).
3. Talentozito.
Frevo de Jacques Vasconcelos e arranjo de Marcos FM em homenagem a Zito Farias: Bezerrense, 87 anos, microempresário
aposentado, músico autodidata e compositor de diversos gêneros musicais, entre
eles o frevo e ex-integrante da SBMCAC. Zito Farias é provavelmente o mais
antigo compositor de frevo vivo do estado de Pernambuco. Foi homenageado no
carnaval dos papangus em 1992 e 2006.
4. ROBERVAL: DESENHANDO O
FREVO. Frevo de Jacques
Vasconcelos e arranjo de Marcos FM em homenagem a Roberval Lima: Bezerrense, 55 anos, artista plástico, diretor de
cultura da cidade de Bezerros, idealizador responsável pela organização e
confecção de adereços que enfeitam a cidade durante eventos festivos, incluindo
o carnaval. Roberval Lima é reconhecido por sua imensa contribuição cultural. Acompanha
e ajuda a divulgar o grupo bezerrense de dança popular “Papanguarte” em festivais
de dança nacional desde sua criação na década de 90; tem trabalhos divulgados
no Brasil e no mundo. Foi homenageado no carnaval dos papangus em 2016.
5. Mozart do agreste. Frevo de Jacques Vasconcelos e arranjo
de Marcos FM em homenagem a Mozart
Vieira: nascido em Belo Jardim, 56 anos, matemático, professor, músico, maestro
e idealizador da fundação música e vida,
com sede em São Caetano, que acolhe crianças, adolescentes e adultos com
iniciação e profissionalização musical instrumental e canto erudito e popular.
Fez parte da SBMCAC na década de 80. Mozart Vieira possui trabalhos sociais e
artísticos reconhecidos no Brasil e no exterior.
6. Vitalino: Moldando o frevo.
Frevo de Jacques Vasconcelos e arranjo de Marcos FM em homenagem a Mestre
Vitalino e Severino Vitalino (filho
de Mestre Vitalino ou Vitalino Pereira dos Santos): Severino possui 78 anos, nasceu
em Sítio Campos-PE, é artesão mestre das artes de figuração em barro conhecidos
pelo mundo, herdou de seu pai, o Mestre Vitalino, o dom da arte em barro.
Acima, foto de Manoel Vitalino, filho de Severino Vitalino. O arranjo seria
entregue ao seu pai, mas durante o período não foi possível devido as condições
de saúde de Severino que se encontra em internamento hospitalar desde outubro
de 2018. (mestre Vitalino faleceu em 07/01/19 durante a elaboração desse artigo)
Abaixo,
segue alguns registros de suas apresentações:
(Praça Duque de Caxias – Bezerros-PE / 2015)(Antiga
formação)
Programa sobretudo, Tv jornal Caruaru-PE /
2018
(Carnaval do Papangu,
QG do frevo – Bezerros-PE) / 2018)