quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

RESUMO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DAS BANDAS DE MÚSICA NO BRASIL


“Desde a Grécia antiga e através do Cristianismo, até os nossos dias, ficou sempre comprovada essa verdade iniludível de que a música é um elemento básico e insubstituível na formação espiritual de um povo. Esse conceito é a base sustentadora das nossas bandas nos dias de hoje. Amor, dedicação, união e muita garra, independente das diferenças regionais, culturais e sociais, são o sustentáculo das nossas bandas de música, sobretudo das mineiras. Banda é arte, é folclore, é manifestação popular, é a própria história da tradição de um povo ”, no dizer do Maestro Rosildo Beltrão.

Lira Santa Cecília, de Abadia de Pitangui, hoje Martinho Campos (MG), em foto de 1911 

É ainda poderoso instrumento de formação musical e inclusão social, além de propiciar grandes oportunidades profissionais e convívio coletivo.

Propicia aos seus integrantes, além do aprendizado musical, a confraternização e a solidariedade entre seus membros, desperta o senso artístico, a disciplina e a responsabilidade, ajudando na formação do caráter de crianças e jovens. É comum no meio musical a convivência harmoniosa entre jovens e idosos, independente da formação cultural, social e profissional, onde cada um dá de si o melhor, criando um ambiente de alegria e de respeito. Basta observarmos, nos desfiles e apresentações, a união entre todos, onde não há discrepâncias ou preconceito.

Banda de música na estação da Estrada de Ferro Leopoldina, Teixeiras (MG), em 1904

As bandas de música assumiram dimensões históricas no Brasil a partir do séc. XVIII, com a multiplicação das irmandades cecilianas – de Santa Cecília – padroeira dos músicos, às quais os músicos geralmente se filiavam, mantendo forte vínculo com as irmandades religiosas.
Em 1808, a chegada de D. João com a corte portuguesa propiciou mudanças significativas no país, notadamente, no mundo artístico-musical.

Veio com ele a Banda da Brigada Real que, embora arcaica, serviria de modelo para as bandas que seriam formadas no novo Império. Em Decreto de 27 de março de 1810, foi determinada a criação de um corpo de música em cada regimento, composto de 12 a 16 músicos. Em 1814 espalharam-se pelos quartéis o ensino e a prática de instrumentos mais atualizados, em substituição às antigas bandas, ou ternos e quaternos, de tocadores de charamelas, pífanos, trombetas, caixas e tímbales. Em 1817, determinou-se aos Batalhões de Infantaria e de Caçadores a organização de suas bandas de música.

As bandas, inicialmente, tinham como modelo as bandas medievais com seus uniformes e rígida hierarquia: mestre, contra-mestre, oficial, aprendiz. Com o passar do tempo, foram se ajustando à realidade brasileira e perdendo um pouco da rigidez inicial.

As irmandades e corporações de ofícios modelaram a banda civil, separando-a da tutela do Estado e da Igreja e transformando-a numa sociedade eminentemente popular. Todavia, constatando a sua importância social, as classes abastadas da cidade e do campo: fazendeiros, donos de engenho e donos de fábricas começaram a criar as suas próprias bandas, colocando-as a seu serviço.

Sociedade Filarmônica e Literária 15 de novembro, de Remanso(BA), em 1910 

Durante o período escravocrata, existiam grupos musicais constituídos de escravos, criados e sustentados por donos de terras. Muitas fazendas possuíam suas próprias bandas. A Visconde do Rio Preto, a do Barão de Vista Alegre, em Valença, e a Banda do Barão de Guararema, de Além Paraíba, servem como exemplos.

Também nas fábricas surgiram várias bandas operárias. A Fábrica de Tecidos Bangu, no Rio de Janeiro, teve a sua banda criada e dirigida pelo mestre-pedreiro José Pedro Andrade, que foi reconhecida como banda da fábrica Bangu a partir de 1896.

Em Minas Gerais, com a mudança da sociedade e dos hábitos de vida, com a introdução de novos valores, aos poucos as bandas perderam seus “patronos”: irmandades, igrejas, governo, associações, fábricas etc. e ficaram meio órfãs. Hoje, a maior parte sobrevive com a ajuda da comunidade e até com recursos dos próprios músicos que não abrem mão de seu ideal de espalhar a alegria pelas ruas e praças, marcando sua presença nos acontecimentos cívicos, sociais e religiosos.

Felizmente, há uma ou duas décadas, o poder público despertou para a importância das bandas de música como patrimônio cultural dos mais autênticos e tem investido na sua preservação, através de doação de instrumentos musicais e partituras, na preparação de músicos e maestros e em cursos de reparação e manutenção de instrumentos.

O que são bandas de música? 

Para responder a essa pergunta, transcrevemos o texto de Rosildo Beltrão: (Maestro da Fundação Cultural de Varginha.)
“Dá-se o nome de Banda a um determinado grupo de instrumentistas, de qualquer estilo, como: Banda de Pífano, Bandas de Rock, Banda de Baile, de Jazz, Big Band, etc. Banda de música é aquela formada especialmente pelos instrumentos de percussão e pelos instrumentos de sopro, a saber:

Percussão: bumbos, surdos, tambores, caixas, pratos e acessórios rítmicos.

Sopro: flautas, flautins, requinta, clarinetes, saz (alto, ou contralto, tenor e barítono), trompetes, cornets, flugelhorns, trompas, saxhorns, barítonos, borbardinos, trombones de vara ou trombones de chaves, borbardões, tubas ou contra-baixos ou souzafones (Souza, músico americano, pai do grande compositor John Phillip Souza, pertencente à Banda da Marinha Americana da Década de 50), responsável pela criação e invenção do Souzafone, quando resolveu aumentar a camânula da tuba ou bombardão, dando aquele formato de bacia ou orelhão, acreditanto, assim, aumentar e direcionar o som para o público, (além, é claro, de evitar possivelmente uma enchente em dias chuvosos).

O repertório da Banda de Música é constituído especialmente de marchas militares e dobrados, sendo sua característica principal apresentar-se em retretas e coretos.

A quantidade de músicos necessários para se formar uma Banda é livre, porém deve-se observar a proporção lógica e o senso de equilíbrio sonoro entre os instrumentos, sendo que, para cada instrumento de percussão deve ter pelo menos quatro instrumentos de sopro.

Já a fanfarra é um grupo musical formado especialmente de percussão e instrumentos de sopro lisos, como cornetas, cornetões, etc. Apresenta ainda a característica coreográfica, como evoluções, marchas, etc. É especializada em desfiles cívicos.

A Banda Marcial ( ou Banda de Marcha) é aquela banda que toca em movimento, com algumas características de fanfarra. Porém, pode ser formada por todos os instrumentos de percussão, todos os instrumentos de metais, todos os instrumentos que compõem a Banda Musical, e ainda todos os instrumentos folclóricos e regionais como: gaitas de fole, marimbas (liras ou xilofones) pífanos etc. As Bandas Marciais são especializadas em desfiles comemorativos, artísticos, religiosos, populares e folclóricos, assim como possuem também grupos coreográficos, porta bandeiras, balizas, dançarinos, e outros. Seu repertório principal são músicas instrumentais ou populares de qualquer estilo, porém interpretadas em movimento.”

Meninas e meninos, moças e moços, idosos em geral até hoje se contagiam com a alegria das bandas e a magia da música. Jovens e velhos se irmanam para ver a banda passar.

Cada um guarda dentro de si lembranças ingênuas de um tempo inocente, que afloram aos primeiros acordes de um dobrado. E, apesar de toda a tecnologia do mundo atual, as bandas continuam vivas, despertando vibração, alegria e pureza no coração da nossa gente.


30/01/13

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